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“Com a geração distribuída é a primeira vez que o consumidor comum pode intervir no setor elétrico"


O mercado de energia está em constante busca por opções seguras, dinâmicas e responsáveis ??para melhorar a oferta de serviços à sociedade. A Órigo Energia tem atingido um papel de destaque no mercado brasileiro ao apresentar um modelo de negócio diferente e inovador que possibilita a democratização do setor elétrico. 

A Review Energy conversou com Rodolfo Molinari, diretor geral da Órigo Energia, sobre a atuação da empresa, a situação atual e as projeções para o setor de energia no Brasil. 

  1. Em qual contexto surge a Órigo Energia? Qual o principal nicho de mercado no qual a empresa atua?

No Brasil a geração distribuída nunca teve um modelo de feed in tariff, o desenvolvimento se deu simplesmente por net metering. Quando, em 2012 a regra surgiu, a única modalidade possível era o rooftop, com potência limitada de 1MW e, que era integralmente dedicada às grandes empresas; 100% da energia produzida era utilizada por apenas um consumidor.

No final de 2015 a ANEEL aprovou a resolução 482, a qual instituiu a geração distribuída e criou o modelo compartilhado, uma geração remota que pode ser utilizada por vários consumidores não relacionados entre si, em uma estrutura de cooperativa ou consórcio; além de aumentar o limite de potência, que antes era de 1 MW para 5 MW.

Esse novo modelo tem pouco mais de 5 anos de vigência e possibilita o desenvolvimento do que é, mais ou menos, como os community solar desenvolvidos nos Estados Unidos, em que se busca atender a necessidade de vários consumidores ligados a uma mesma distribuidora.

No passado nós realizamos muitos projetos de rooftop e também projetos especiais para grandes empresas e instituições como a biblioteca da USP; a sede do Greenpeace; o Museu do Manhã, no Rio de Janeiro, e o Off Grid do Brasil no estado de Pará. Em 2016, após as mudanças regulatórias, nós decidimos migrar 100% para o desenvolvimento de fazendas solares para pequenos comércios e para pessoas físicas.

Nossa decisão se deu, basicamente, por entendermos que o modelo de cooperativas é o único que, de fato, democratiza o acesso à energia limpa.  Na realidade brasileira muitas pessoas moram em prédio, não tem casa própria ou não conta com os recursos financeiros para aquisição de paneis; logo a melhor forma de possibilitar a acessibilidade à energia limpa é por meio de cooperativas, já que ao instalar um sistema remoto é possível retirar, ou reduzir muito, as barreiras técnicas e as limitações financeiras.

  1. A demanda energética no Brasil cresceu bastante nos últimos anos e, para atender essa questão o mercado energético precisa de novos projetos e empreendimentos nos quais a inovação é muito valorizada, a Órigo Energia apresenta um modelo de negócio muito inovador com as fazendas solares e fazendas de biogás. Com quais vantagens e benefícios os clientes contam ao contratar os serviços da Órigo Energia?

O Brasil está passando por uma situação extremamente complexa e temos que entender que o setor elétrico brasileiro foi construído de cima para abaixo.

O Ministério de Minas e Energia, que é basicamente quem toma as decisões, define o que tem que ser feito e, diante dessas decisões o setor se prepara para atender o consumidor final. O governo realiza leilões federais para trazer nova capacidade de geração; libera concessões para construir as hidrelétricas e; promove as licitações para transmissão.

Tudo é feito de cima para baixo e o consumidor fica na ponta como mero pagador, contribuindo, sem desempenhar qualquer tipo de participação no setor elétrico. Com exceção dos grandes consumidores, que podem ir para o mercado livre, a massa dos consumidores brasileiros, ou seja, 84 milhões de consumidores em residenciais e pequenos comércios, não contam com outra  alternativa de participação, atualmente, que não seja a geração distribuída. 

Com a geração distribuída, é a primeira vez que um brasileiro comum pode intervir, de alguma forma, em um dos insumos mais importante para uma família: a energia elétrica. Ainda, sem investir diretamente é possível economizar na conta de luz, essas são algumas das vantagens diretas. 

Outra vantagem é que, quando uma pequena empresa ou família de classe média baixa economizam na conta de luz, o recurso economizado volta para o município e, o consumidor não sabe para onde este recurso é utilizado. No nosso modelo a economia do bolso do consumidor beneficia o consumidor e a comunidade; nós já passamos de 15 mil clientes recebendo esses créditos.

Esse é o principal impacto social do nosso modelo, além de outras vantagens mais tradicionais como a geração de empregos e investimento para os municípios no qual os projetos solares são instalados. 

  1. Quais foram as principais barreiras que a Órigo Energia encontrou ao se lançar no mercado desenvolvendo em esse modelo de negócio?

Acredito que o principal desafio que estamos vencendo é o de ter sido um modelo pioneiro e muito novo para o consumidor brasileiro.

Estamos falando de mais de 100 anos em que o consumidor brasileiro paga e não sabe o que acontece, não sabe como é que o setor funciona. Logo, não é tão simples explicar para uma pequena empresa, ou para uma família, que depois de mais de 100 anos de pagar o boleto para a distribuidora agora ele pode escolher receber uma parte da energia, quase a totalidade de uma fazenda solar ou de uma fazenda de biogás que está localizada em outra cidade diferente

Nós entendemos como uma missão da Órigo, até por conta do nosso pioneirismo, é formar uma estruturação de comunicação. De fato, todas as campanhas nós levamos à mídia são pensadas com o objetivo de nos ajudar a vencer esse desafio que não é trivial; é muito difícil criar um novo segmento no Brasil.

  1. A ESG (Environmental, Social & Governance) é um tema muito valorizado e debatido atualmente, como a Órigo pode apoiar as empresas na busca por desenvolver projetos alinhados com essa questão?

Nós fazemos o que fazemos por nossa tese, a qual atende vários critérios da ESG.O nosso propósito macro é democratizar a energia limpa e, em virtude disso, geramos uma série de benefícios como a redução na conta da luz, que é o mais simples e direto deles. 

Com cada vez mais cooperados conseguimos captar mais recursos para a construção de mais fazendas e, com isso levar mais investimento para o estado e para os municípios, além de mais renda e emprego, tudo isso é o círculo virtuoso que no final do dia é uma quebra de paradigma no setor elétrico. 

A geração distribuída quebra o paradigma e traz o consumidor como o agente que desenvolve o setor elétrico; ela permite o caminho contrário no qual o interesse do consumidor, em participar do movimento cooperativista, gera a necessidade de se investir em fazendas solares, ou seja, é um caminho no qual a demanda surge pelo próprio interesse do consumidor. 

No final do dia eu enxergo todo isso como a consequência de nossa tese e não o contrário, tem muita empresa que olha o ESG e fala: precisamos atender alguma coisa de ESG e criar algo para atender a isso. Nosso caminho é mais orgânico, nós temos uma tese que sabemos que ela gera impacto, de carona acabamos atendendo a esse tema.

  1. Em todo o mundo estamos passando por um período conturbado em razão da pandemia do Covid-19, como o senhor visualiza o mercado das energias renováveis nos próximos meses? Qual a projeção para esta área no período após a pandemia?

No Brasil, nos próximos 6 meses, muita coisa vai acontecer porque o poder público entendeu que é preciso diversificar a matriz e apoiar as questões de energia limpa. 

O que nós, como empresa, tentamos fazer quando infelizmente o COVID chegou, foi pensar em como ajudar a nossos consumidores, principalmente os pequenos comércios; o setor mais afetado. Proporcionamos várias flexibilizações, trouxemos novos parceiros para oferecer crédito para nossos consumidores e flexibilizar as condições de pagamento. 

No segmento residencial, houve o aumento do consumo da energia e as famílias perderam renda; foi quando a Órigo acelerou o modelo de fazendas solares para pessoas físicas porque até então estava mais concentrado para pessoas jurídicas. Essa aceleração foi em um contexto 100% digital justamente porque as pessoas não podiam transitar, logo, a Órigo investiu bastante em tecnologia que possibilitasse esse processo.

O que a Órigo tentou fazer, em relação à pandemia foi a mesma lógica de quando criamos o produto: colocar o usuário no centro, entender o problema e tentar resolve-lo a partir daí.

Acho que o que vai acontecer no futuro, com relação ao setor, é que as pessoas vão começar a refletir um pouco sobre essa tomada de decisão centralizada e pautada em modelos matemáticos. A descentralização da expansão do setor elétrico será vista com melhores olhos para que o consumidor possa participar do mesmo jeito que está agora participando com Geração Distribuída.

Logo virão outras tecnologias com as quais o consumidor também vai poder participar como: o armazenamento, a gestão de demanda do consumidor pequeno com medidores inteligentes; carro elétrico; automação residencial, em conclusão, o consumidor fazendo valer sua voz.

Rodolfo Molinari Filho é formado em Engenharia Civil, pós-graduado em Economia e mestre pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Desde 2008 atua no desenvolvimento de projetos de energia limpa em fontes eólica, biomassa, pequenas centrais hidrelétrica e energia solar fotovoltaica. Atualmente é o Diretor Geral da Órigo Energia e conselheiro da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR).

 

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